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PARA CONTINUAR, CONSTRUÍMOS UM BARCO
Instituto Práticas Desobedientes
Ol@r,
Gostaríamos de te convidar para conhecer e celebrar conosco o lançamento do Instituto Práticas Desobedientes
O Práticas Desobedientes, concebido em 2019 como um programa multidisciplinar, agora se torna uma organização sem fins lucrativos dedicada a continuar desenvolvendo tecnologias de formação para jovens artistas, estudantes e agentes culturais baseados no Recôncavo Baiano.
Ao longo deste ano, compreendemos o planejamento da nossa organização também como um gesto artístico e investigativo. Nesse sentido, o processo de institucionalização das nossas práticas não apenas representou uma avaliação crítica dos últimos cinco anos de trabalho, mas também nos permitiu elaborar novos caminhos para seguirmos dividindo, multiplicando e pensando arte contemporânea, a partir de novas centralidades para o conhecimento.
DIREÇÃO E FOTOGRAFIA Rafael Ramos
CONCEPÇÃO George Teles, Jamile Cazumbá, Kaick Rodrigues e Rafael Ramos
ASSISTÊNCIA DE CÂMERA Ema Ribeiro
ARTE SONORA C-AFROBRASIL
TEXTO Allan da Silva
APOIO Foundation for Arts Initiatives
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS atelier Daniel Jorge, sr. Adimar Silva Costa, Iglu Loc, Elu Cinema
Ainda em 2019, nas paredes do Centro de Artes Humanidades e Letras da UFRB, o texto e a voz estudantil diziam: Não deixe a Universidade atrapalhar os seus estudos. O enunciado não apenas expressava a inconformidade do corpo discente diante dos déficits estruturais que os equipamentos públicos de ensino passaram a sofrer desde 2018, com a eleição do governo necropolítico do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas anunciavam camadas mais profundas que, em seu limite, tangenciam a própria violência onto-epistêmica que os modelos de aprendizagem, pautados em domesticação e adequação, mobilizam em nossa base constitutiva. Essa mesma Universidade, que desde a sua fundação subverte diversas estatísticas de caráter racial, também performava múltiplas contradições e dissensos que fazem a leitura do pensamento de Fred Moten ganhar novos contornos, afinal, como afirma o filósofo, a única relação possível com a universidade hoje é criminal. Um dos efeitos (e afetos) gestados nesse contexto foi a criação do programa conceitual Práticas Desobedientes voltado para jovens artistas, programa que nasceu habitando a estrutura de um projeto de extensão desejando fomentar e ampliar os repertórios dos estudantes em formação no contexto acadêmico, mas que, já em 2020, passou a alçar voos de maneira independente, expandindo sua interlocução e borrando as fronteiras entre a Universidade e o amplo território do Recôncavo da Bahia. A intersecção entre os espaços de aprendizagem coletiva (base das práticas sociais, históricas e culturais da experiência negra no Recôncavo Baiano) e o que, mais adiante, nomeamos como pedagogias libertárias, fez do Práticas Desobedientes mais do que um grupo de pesquisa associado a uma forma de trabalho multidisciplinar, mas uma organização que pensa a sua própria socialidade como forma de estudo, desejando articular estratégias e metodologias, por meio de processos de criação em arte, interessadas em liberação cognitiva, desobediência epistêmica e autoemancipação. | O habitar de uma experiência dupla que oscila entre a quebra e o desejo de incompletude, demandam da nossa experiência um planejamento ético contínuo. Nesse sentido, as estratégias experimentadas pelo Práticas Desobedientes não são exclusivamente o efeito de uma ação sofrida, são antes de tudo uma recusa, uma partida, uma documentação, um modo, que permite que nos desloquemos em direção à criação de outros territórios existenciais. O exercício composicional implicado no processo de criação em torno do pensamento que discutimos tem proporcionado possibilidades de desprogramação de traços codificados, dilatado territórios de nossa compreensão/atuação artística e sobretudo operado saídas e saúdes, ou mesmo um alívio muscular na produção de nossas subjetividades. Essa forma de trabalho performada nas práticas coletivas de ateliê, nos grupos de estudos, nas supervisões de processo que se desenrolam todas as semanas, e na elaboração de programas de caráter estrutural colocados sempre em relação com os nossos territórios exemplificam materialmente nossa prática. Como costumamos dizer, é na linguagem que a expressão de um mundo se esboça. Quando nos debruçamos sobre ela, articulamos possibilidades de re/de/composição que são capazes de redesenhar o real. Portanto, é a partir dela que também damos as caras, as vistas (o corpo). Permitir que nossas línguas encontrem abrigo na esfera das linguagens é também uma das estratégias para contornarmos o mesmo projeto de morte programado para nossas cognições. Operando linguagens, semeamos, cada qual a sua maneira, um modo de pensamento político muitas vezes pouco reconhecível. A voz que fala de dentro da vertigem, do vazio, do lugar onde a violência infligida é o meio pelo qual o corpo se define, é a mesma que é fonte de insurgência fora dos espaços sistêmicos. (Notas sobre ensino, socialidade e estudo negro nas práticas em artes, 2023-2024, Tarcisio Almeida) |
registro das exposições “7 Verões” de Marcos da Matta e “Lambeduras, Colisões e Rotas de Desvio” de George Teles / crédito: cortesia RV Cultura e Arte e Wallace Domingues
registro práticas de atelier 2024 / créditos: Acervo IPD
Obrigado por estar por perto nesse momento especial!
Um abraço grande das desobedientes 🖤
Tarcisio Almeida fundador e dir. artístico
Jamile Cazumbá fundadora e coordenadora de projetos
George Teles comunicação e planejamento
Allan Da Silva, Dani De Iracema, Ema Ribeiro, George Teles, Kaick Rodrigues, Larissa Neres, Marcos Da Matta, Rafael Ramos Artistas Associados
Acompanhe nossas redes sociais e acesso mais detalhes sobre as atividades de lançamento no Instituto Práticas Desobedientes. Nosso novo site, a apresentação dos nossos conselhos consultivos e pedagógicos além das ações que serão realizadas em Cachoeira-BA entre os dias 04 e 06 de dezembro.
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